LiederNet logo

CONTENTS

×
  • Home | Introduction
  • Composers (20,103)
  • Text Authors (19,448)
  • Go to a Random Text
  • What’s New
  • A Small Tour
  • FAQ & Links
  • Donors
  • DONATE

UTILITIES

  • Search Everything
  • Search by Surname
  • Search by Title or First Line
  • Search by Year
  • Search by Collection

CREDITS

  • Emily Ezust
  • Contributors (1,114)
  • Contact Information
  • Bibliography

  • Copyright Statement
  • Privacy Policy

Follow us on Facebook

by Alexandre José de Melo Morais Filho (1843 - 1919)

A mulata
Language: Portuguese (Português) 
Eu sou mulata vaidosa,
Linda, faceira, mimosa,
Quais muitas brancas não são!
Tenho requebros mais belos,
Se a noite são meus cabelos,
O dia é meu coração.

Sob a camisa bordada,
Fina, tão alva, rendada,
Treme-me o seio moreno:
É como o jambo cheiroso,
Que pende ao galho frondoso
Coberto pelo sereno!

Nos bicos da chinelinha,
Quem voa mais levezinha,
Mais levezinha do que eu?...
Eu sou mulata tafula;
No samba, rompendo a chula,
Jamais ninguém me venceu.

Ao afinar da viola,
Quando estalo a castanhola,
Ferve a dança e o desafio;
Peneiro num mole anseio,
Vou mansa num bamboleio,
Qual vai a garça no rio.

Aos moços todos esquiva,
Sendo de todos cativa,
Demoro os olhares meus;
"Que tentação... que maldita...
Bravo! Mulata bonita!"
-- Adeus, meu ioiô, adeus...

Minhas iaiás da janela
Me atiram cada olhadela...
Aí! Dá-se? Mortas assim!
E eu sigo mais orgulhosa,
Como se a cara raivosa
Não fosse feita pra mim.

Na fronte, ainda que baça,
Me assenta o troço de cassa
Melhor que c'roa gentil;
E eu posso dizer ufana
Que, qual mulata baiana,
Outra não há no Brasil.

Nos meus pulsos delicados
Tragos corais engrazados,
Contas d'ouro e coralinas;
Prendo meu pano à cintura,
Que mais realça à brancura
Das saias de rendas finas.

Se tenho um desejo agora,
De meus afetos senhora,
Sei encontrá-lo no amor.
-- Ai! Mulata! Ai! Borboleta!
É tua sina inquieta,
Tu pousas de flor em flor.

Meus brincos de pedraria
Tocam, fazendo harmonia
Com meu cordão reluzente;
Na correntinha de prata
Tem sempre e sempre a mulata
Figuinhas de boa gente.

Eu gosto bem desta vida,
Que assim se passa esquecida
De tudo que é triste é vão!
Um dito bem requebrado,
Um mimo, um riso, um agrado,
Cativam meu coração.

Nos presepes da Lapinha
Só a mulata é rainha,
Meiga a mostrar-se de novo:
De sua face ao encanto
Vai-se o fervor pelo santo,
P'ra o santo não olha o povo!

Minha existência é de flores,
De sonhos, de luz, de amores,
Alegre como um festim!
Escrava, na terra um dono,
Outro no céu sobre um trono,
Que é meu Senhor do Bonfim!

Na fronte, ainda que baça,
Me assenta o troço de cassa,
Melhor que c'roa gentil;
E eu posso dizer ufana
Que, qual mulata baiana,
Outra não há no Brasil.

Text Authorship:

  • by Alexandre José de Melo Morais Filho (1843 - 1919), "A mulata" [author's text checked 1 time against a primary source]

Musical settings (art songs, Lieder, mélodies, (etc.), choral pieces, and other vocal works set to this text), listed by composer (not necessarily exhaustive):

  • by Xisto Bahia (1841 - 1894), "A mulata" [voice and piano], Rio de Janeiro Vieira Machado e Ca. [
     text not verified 
    ]

Researcher for this text: Emily Ezust [Administrator]

This text was added to the website: 2010-06-08
Line count: 84
Word count: 385

Gentle Reminder

This website began in 1995 as a personal project by Emily Ezust, who has been working on it full-time without a salary since 2008. Our research has never had any government or institutional funding, so if you found the information here useful, please consider making a donation. Your help is greatly appreciated!
–Emily Ezust, Founder

Donate

We use cookies for internal analytics and to earn much-needed advertising revenue. (Did you know you can help support us by turning off ad-blockers?) To learn more, see our Privacy Policy. To learn how to opt out of cookies, please visit this site.

I acknowledge the use of cookies

Contact
Copyright
Privacy

Copyright © 2025 The LiederNet Archive

Site redesign by Shawn Thuris