by Mário de Andrade (1893 - 1945)
Os teus olhos distribuem
Language: Portuguese (Português)
Os teus olhos distribuem O que não existe no meus As luzes que os meus possuem São as migalhas dos teus. Quem gasta no amor vinte anos Menos amor na alegria, Do que quem ama um só dia E morre de desenganos. Teu sorriso é um jardineiro Meu coração é um jardim; Saudade, imenso canteiro Que eu trago dentro de mim. A semente dos teus olhos Caiu no meu coração, Deu uma árvore de abrolhos Deu uma fruta: a paixão. Quis plantar uma limeira, O vento roubou-me o grão. Teus sorrisos, feiticeira, Roubaram-me o coração. Quando tu passas ligeira, Sozinha e alegre, a cantar, Eu, que choro a vida inteira, Eu rio em vez de chorar. O amor é um barquinho esguio Sulcando as ondas do mar; -- O amor não é como o rio Que é fácil de atravessar. Eu já chorei muitas vezes Sem que a lágrima brotasse: Os meus males não são nuvens Que se esgotem pela face.
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Confirmed with Jornal do Brasil, no. 230, Nov 24 1983, page 35.
Text Authorship:
- by Mário de Andrade (1893 - 1945), no title [author's text checked 1 time against a primary source]
Musical settings (art songs, Lieder, mélodies, (etc.), choral pieces, and other vocal works set to this text), listed by composer (not necessarily exhaustive):
- by Achille Guido Picchi (b. 1951), "Barquinho esguio", op. 169 no. 1 [ voice and piano ], from Três trovas de Mário de Andrade, no. 1 [sung text not yet checked]
Researcher for this text: Emily Ezust [Administrator]
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