by Mário de Andrade (1893 - 1945)
Cantiga do ai
Language: Portuguese (Português)
Ai, eu padeço de penas de amor, Meu peito está cheio de luz e de dor! Ai, uma ingrata tão fria me olhou, Que vou-me daqui sem saber pra onde vou! Eu cheirei um dia um aroma de flor E vai, fiquei doendo de penas de amor! Foi minha ingrata que por mim passou! Ai, gentes! eu parto! não sei pra onde vou! Ai, malvada ingrata que escolhi bem! Eu sofro e não posso queixar de ninguém! Sofro mas me orgulho de meu sofrer, É linda a malvada que fui escolher! Tem a mansidão dos portos de mar Mas porém é arisca que nem pomba-do-ar! Ela é quieta e clara, ela é rosicler, É a boca-da-noite virada mulher! Ai, unhas de vidro para me encantar! Ai, olhos riscados pra não me enxergar! Ai, peito liso, boca de carmim! Ingrata malvada que não pensa em mim! Ai, pena tamanha que me quebrou! Adeus! vou-me embora! não sei pra onde vou! Lastimem o poeta que vai partir, Moçada se amando no imenso Brasil...
Text Authorship:
- by Mário de Andrade (1893 - 1945), "Cantiga do ai" [author's text checked 1 time against a primary source]
Musical settings (art songs, Lieder, mélodies, (etc.), choral pieces, and other vocal works set to this text), listed by composer (not necessarily exhaustive):
- by Francisco Mignone (1897 - 1986), "Cantiga do ai", 1947 [ voice and piano ], São Paulo: Ricordi brasileira [sung text not yet checked]
- by Cláudio Franco de Sá Santoro (1919 - 1989), "Cantiga do ai", 1947 [ voice and piano ] [sung text checked 1 time]
Researcher for this text: Emily Ezust [Administrator]
This text was added to the website: 2023-08-30
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