Pois que os deuses antigos e os antigos Divinos sonhos por esse ar se somem... E á luz do altar-da-fé, em Templo ou Dolmen, A apagaram os ventos inimigos... Pois que o Sinay se enubla, e os seus pascigos, Seccos á mingua d'agua, se consomem... E os prophetas d'outr'ora todos dormem, Esquecidos, em terra sem abrigos... Pois que o céo se fechou, e já não desce Na escada de Jacob (na de Jesus!) Um só anjo que aceite a nossa prece... É que o lirio da Fé já não renasce: Deus tapou com a mão a sua luz, E ante os homens velou a sua face!
A Idéia, Ciclo Anteriano (1937-1943)
Song Cycle by Luis de Freitas Branco (1890 - 1955)
1. Pois que os deuses antigos e os antigos  [sung text not yet checked]
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- by Antero Tarquínio de Quental (1842 - 1891), no title, appears in Odes Modernas, in A idéia, no. 1
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Confirmed with Antero de Quental, Odes Modernas: segunda edição, Livraria Internacional, 1875, page 31.
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2. Pallido Christo  [sung text not yet checked]
Pallido Christo, ó conductor divino! A custo agora a tua mão tão doce Incerta nos conduz, como se fosse Teu grande coração perdendo o tino… A palavra sagrada do destino Na bocca dos oraculos seccou-se; E a luz da sarça-ardente dissipou-se Ante os olhos do vago peregrino! Ante os olhos dos homens — porque o mundo Desprendido rolou das mãos de Deus, Como uma cruz das mãos d'um moribundo! Porque já se não lê Seu nome escrito Entre os astros — e os astros, como atheus, Já não querem mais lei que o infinito!
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- by Antero Tarquínio de Quental (1842 - 1891), no title, appears in Odes Modernas, in A idéia, no. 2
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Confirmed with Antero de Quental, Odes Modernas: segunda edição, Livraria Internacional, 1875, page 32.
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3. Força é pois ir buscar  [sung text not yet checked]
Força é pois ir buscar outro caminho! Lançar o arco de outra nova ponte Por onde a alma passe — e um alto monte Aonde se abre á luz o nosso ninho. Se nos negam aqui o pão e o vinho, Ávante! é largo, immenso esse horizonte… Não, não se fecha o mundo! e além, defronte, E em toda a parte, ha luz, vida e carinho! Ávante! os mortos ficarão sepultos… Mas os vivos que sigam -- sacudindo, Como pó da estrada, os velhos cultos! Dôce e brando era o seio de Jesus… Que importa? havemos de passar, seguindo, Se além do seio d'elle houver mais luz!
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- by Antero Tarquínio de Quental (1842 - 1891), no title, appears in Odes Modernas, in A idéia, no. 3
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Confirmed with Antero de Quental, Odes Modernas: segunda edição, Livraria Internacional, 1875, page 33.
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4.  [sung text not yet checked]
Conquista pois sósinho o teu Futuro, Já que os celestes guias te hão deixado, Sobre uma terra ignota abandonado, Homem — proscrito rei — mendigo escuro! Se não tens que esperar do céo (tão puro, Mas tão cruel!) e o coração magoado Sentes já de illusões desenganado, Das illusões do antigo amor perjuro; Ergue-te, então, na magestade estoica De uma vontade solitaria e altiva, N'um esforço supremo de alma heroica! Faze um templo dos muros da cadêa, Prendendo a immensidade eterna e viva No circulo de luz da tua Idéa!
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- by Antero Tarquínio de Quental (1842 - 1891), no title, appears in Odes Modernas, in A idéia, no. 4
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Confirmed with Antero de Quental, Odes Modernas: segunda edição, Livraria Internacional, 1875, page 34.
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