Lindo linho, cresce, cresce Em terra do paraíso; Dou-te água das minhas lágrimas, Dou-te o sol, no meu sorriso. Linho, linho! O que hás-de ser? Depois da foice, a espadela Depois, o novelo; e a teia... Doce enxoval depois dela. Forma-se a estriga, no fuso. Alva linha que não parte; Assim, Amor! Os meus sonhos Sejam fios de enlear-te... Anda, sarilho! Ensarilha Esta meada comprida... Assim Deus me ensarilhasse Os fios da minha vida. Tece, tece, meu tear, Ao bater do coração, Teia de amor que há de ver Tanto beijo e tanto pão!
Canções do Sol Poente
Song Cycle by Antonio Lima Fragoso (1897 - 1918)
1. Canção da Fiandeira
Text Authorship:
- by António Correia d'Oliveira (1879 - 1960)
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- ENG English (Amanda Cole) , "Song of the spinstress", copyright © 2012, (re)printed on this website with kind permission
2. Embalando o menino
O meu filho é pequenino: Três palmos, e pouco mais; Com tão pequena medida, Mede-se a alma dos pais! O meu filho é pequenino;.... Diz a Morte: "Nem o quero!" E a vida a rir de contente: "Eu é que sei quanto espero ... "
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- by António Correia d'Oliveira (1879 - 1960)
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- ENG English (Amanda Cole) , "Rocking the baby", copyright © 2012, (re)printed on this website with kind permission
3. Modas da serra
Esta moda é lá da serra, Bem mostra o seu nascimento: Nela bate a luz da lua, E soluça a voz do vento. Esta moda é lá da serra; É preciso, a quem a canta, Lágrimas correndo em fio, Voz a arrastar na garganta.
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- by António Correia d'Oliveira (1879 - 1960)
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- ENG English (Amanda Cole) , "Mountain songs", copyright © 2012, (re)printed on this website with kind permission
4. A primeira romaria
O tempo das romarias Fê-lo Deus em Portugal. Lá vai o Sol, todo em festa, De arraial em arraial! Oh que linda capelinha, No meio do seu terreiro! Parece um andor de neve, Aos ombros do verde outeiro. Chegam romeiros de longe, Por devoção às romeiras: Dão-lhes anéis, dão-lhes doces; Provam-se as frutas primeiras. Tamborileiros, em ronda, Atroam vale e montanha: Vão-se os montes de arrancada... Portugal de encontro à Espanha! Há descantes; há derriços; O povo torna a ser povo... O' meu velho Portugal,... Alegre de vinho novo!
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- by António Correia d'Oliveira (1879 - 1960)
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- ENG English (Amanda Cole) , "The first pilgrimage", copyright © 2012, (re)printed on this website with kind permission
5. A manhã de serração
Em tempos de homens gigantes, Houve um Rei, O Desejado, Que foi, em naus embarcado, Buscando terras distantes... Quantos corações amantes Deixaram lar e noivado! (Ide ouvir! O mar salgado Inda os chora como dantes... ) Lá morreram, num deserto... Mas voltarão! Longe ou perto, Hão de tornar, afinal! Voltarão... mas talvez quando, Já dentre as névoas, voltando, Não hão-de achar Portugal!
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- by António Correia d'Oliveira (1879 - 1960)
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- ENG English (Amanda Cole) , "The foggy morning", copyright © 2012, (re)printed on this website with kind permission
6. O Natal do Céu
Meu filho, levou-mo Deus... Levou? Nem sei! Afinal, Eu vejo o sempre, tal qual, Seus olhos fitos nos meus. Meu filho, levou-mo Deus... Passou, agora, o Natal: Na terra como nos céus... Sonhei, e vi o, entre as flores, Hinos, estrelas e amores De alto Presépio divino. E a Virgem, mostrando o ao colo: "Olhai! É mesmo um consolo... Lembra Jesus em menino!"
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- by António Correia d'Oliveira (1879 - 1960)
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- ENG English (Amanda Cole) , "The Christmas from Heaven", copyright © 2012, (re)printed on this website with kind permission
7. A Senhora dos Remédios
Há logo à entrada do povo, Uma pequena capela; A Senhora dos Remédios É quem mora dentro dela. Freguesia em freguesia, Sete léguas em redor, Não há Santa, nem capela, Com mais fama e mais amor. Não há mal que lá não vá... Para ser remediado: Ele a doença; ele a renda; Ele a vida de soldado. E a Senhora dos Remédios, Na pequenina capela, A dar luz a tanta sombra, Como se fosse uma estrela!
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- by António Correia d'Oliveira (1879 - 1960)
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- ENG English (Amanda Cole) , "The Lady of Remedies", copyright © 2012, (re)printed on this website with kind permission
8. Cantigas do lenço
Puz-me a chorar, de saudade, Num lenço que fora teu; Caíu ao mar, disse o mar: "Quem lho vai levar, sou eu!" Este lenço que me deste, Já passou águas do mar; Onda que foi e que veio... Mas que não torna a voltar! O lenço que me deixaste, Meu amor! dei o, também, A uma filha que chorava Com pena da sua mãe... Este lenço que me deste, Beijaste o tu? Benza o Deus... Fala de acenos, dizendo: "Meu Amor, adeus, adeus!"
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- by António Correia d'Oliveira (1879 - 1960)
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- ENG English (Amanda Cole) , "Songs of the handkerchief", copyright © 2012, (re)printed on this website with kind permission